Métodos contracetivos
Bem-vindos de volta ao nosso pequeno mundo da ciência :)
Métodos naturais:
A abstinência periódica resulta do autocontrolo dos níveis de fertilidade do ciclo menstrual da mulher.
Existem 3 métodos de controlo da fertilidade:
- Método do calendário: Permite calcular o período fértil através da contagem dos dias de duração de um ciclo menstrual. Para calcular os dias em que a mulher está fértil divide-se o número de dias entre as duas menstruações por dois e soma-se e subtrai-se 3 dias ao número encontrado, o que dará 7 dias. Durante este período de tempo a mulher estará no seu período fértil.
- Método da temperatura basal: O período fértil é calculado pela medição da temperatura, tendo como fundamento o aumento da temperatura basal (pelo menos 0,5ºC) após a ovulação. A avaliação da temperatura poderá ser vaginal, oral ou retal.
- Método do muco cervical: Consiste na observação das características do muco cervical, que mudam consoante o grau de fertilidade.
- Método do coito interrompido: este método implica retirar o pênis do interior da vagina no momento em que o homem vai ejacular. No entanto ele não é seguro
Quais as vantagens?
- Não tem efeitos secundários;
- Proporciona uma partilha de responsabilidade na contraceção;
- É um método que não necessita supervisão médica;
- É imediatamente reversível.
Quais as desvantagens?
- O seu grau de eficácia pode ser limitado;
- Implica um acompanhamento rigoroso dos ciclos menstruais da mulher;
- Pode requerer períodos de abstinência longos;
- Não protege contra as Doenças Sexualmente Transmissíveis.
Métodos não naturais:
Preservativo masculino - método de barreira:
O preservativo atua como barreira, impedindo que os espermatozoides entrem na vagina e atinjam o óvulo, evitando a gravidez.
Para além dessa função, o preservativo é fundamental na prevenção das Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST) e de infeções por HPV.
Para que o preservativo atue de uma forma eficaz, deverá ser colocado corretamente (ver figuras) desde o início da relação sexual, com o pénis em ereção e antes de qualquer contacto genital. Deverá ser retirado logo após a ejaculação, ainda com o pénis em ereção, para evitar que fique retido na vagina ou que derrame esperma e haja risco de gravidez e transmissão de agentes infeciosos.
Após a utilização do preservativo, deverá dar-se um nó na sua abertura, impedindo que o esperma saia. Em seguida, deve ser colocado no lixo.
O preservativo pode e deve ser utilizado em simultâneo com outro método contracetivo (pílula, DIU, implante, adesivo contracetivo), designando-se este método de Dupla Proteção, aumentando a sua eficácia.
Preservativo feminino - método de barreira:
Tem uma função bastante similar ao preservativo masculino, evitando não só a gravidez, mas também a transmissão de DST’s.
É colocado no interior da vagina (interno) e não deve ser utilizado em simultâneo com o preservativo masculino (externo), isto porque o atrito causado pelos dois preservativos poderá fazer com que estes se rompam.
Diafragma - método de barreira:
O diafragma é um dispositivo de borracha com um aro flexível que se introduz na vagina. Quando corretamente introduzido previne o contacto do esperma com o colo do útero, funcionando como meio eficaz de contraceção.
O diafragma está contraindicado quando: existam fístulas, lacerações ou anomalias vaginais, se verifica a alergia à borracha e sensibilidade a espermicidas ou existe elevado risco de infeção por VIH.
Espermicida - método de barreira:
Os espermicidas são compostos por substâncias que diminuem a capacidade de fecundação dos espermatozoides. Podem apresentar-se sob a forma de creme, gel, espuma, comprimidos vaginais, esponja, cone ou membrana.
A eficácia depende da utilização correta e sistemática, podendo ser melhorada quando se utiliza com outro método contracetivo.
Esponja Vaginal - método de barreira:
É uma esponja que se coloca antes da relação e tem como objetivo absorver o sémen. Este método não é eficaz nem previne as DST's.
Dispositivo intrauterino:
O SIU contém um progestativo que se liberta diariamente no útero. Esta hormona provoca o espessamento do muco cervical, impedindo a passagem dos espermatozoides, e altera o endométrio (parede do útero), impedindo a fixação do ovo. A quantidade de hormona que entra em circulação é muito baixa mas, em alguns ciclos, pode também inibir a ovulação.
A sua colocação e remoção é feita por um médico, durante um exame ginecológico. É um procedimento simples e indolor, pelo que não é necessário anestesia. O nível de eficácia do DIU/SIU é muito elevado (99%).
Pílula:
A pílula é um método contracetivo muito eficaz. Se tomada corretamente, a pílula apresenta um grau de eficácia (99%). Cada comprimido contém hormonas sintéticas semelhantes às que são produzidas pelos ovários das mulheres: o estrogénio e progesterona.
Existem pílulas orais combinadas que são compostas por estrogénios e progestagénios, nas quais estão incluídas:
- A pílula monofásica (todos os comprimidos têm a mesma dosagem);
- A pílula bifásica (comprimidos com duas dosagens diferentes);
- A pílula trifásica (comprimidos com três dosagens que visam imitar o ciclo menstrual).
Quais as vantagens?
- Pode regularizar os ciclos menstruais;
- Não afeta a fertilidade;
- Diminui o risco de Doença Inflamatória Pélvica (DIP);
- Reduz em 50% o risco de cancro do ovário e do endométrio;
- Diminui a incidência de quistos funcionais do ovário e a doença poliquística.
E as desvantagens?
- Algumas mulheres têm dificuldade em fazer a toma diária e regular da pílula;
- Não protege contra as Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST).
Anel:
As hormonas que se encontram no anel vaginal (o estrogénio e o progestagénio) são semelhantes às hormonas produzidas pelos ovários e utilizadas, também, nas pílulas contracetivas. Estas hormonas são libertadasatravés das paredes da vagina, para a corrente sanguínea. Atua inibindo a ovulação, isto é, impede que os óvulos se libertem dos ovários.
Contraceção hormonal injetável:
O progestativo é libertado lenta e progressiva no sangue, inibe a ovulação e altera o muco cervical. É administrado de 12 em 12 semanas, pelo que cada injeção tem efeito contracetivo durante 3 meses.
Implantes:
O Implante vai libertando de forma gradual e continua, uma pequena quantidade de hormonas para a corrente sanguínea.
Atua de duas formas: Inibe a ovulação, isto é, impede que os óvulos se libertem dos ovários e torna mais espesso o muco cervical, dificultando a entrada dos espermatozoides no útero. A sua eficácia superior a 99% e é eficaz durante 3 anos, ao fim dos quais pode ser substituído por um novo.
Adesivo:
O adesivo transdérmico é um método contracetivo hormonal de uso semanal. É constituído por hormonas (estrogénio e progestagénio) que são libertadas diariamente através da pele para a corrente sanguínea. Tal como o implante o adesivo também atua de duas formas.
Métodos cirúrgicos definitivos:
São métodos cirúrgicos e são formas de contraceção permanentes e definitivas, pelo que devem ser escolhidas apenas quando se está seguro que não se quer ter mais filhos. Os mais conhecidos são a laqueação de trompas nas mulheres e a vasectomia nos homens.
A laqueação das trompas consiste na interrupção das trompas, impedindo, por isso, a fecundação do óvulo pelos espermatozoides e, portanto, a gravidez. A mulher continua a ter menstruação e este método não interfere no relacionamento sexual.
A vasectomia consiste na interrupção do canal deferente, que leva os espermatozoides dos testículos para o pénis. Não provoca impotência e continua a existir ejaculação, porque os espermatozoides são apenas uma pequena parte do esperma.
Contraceção de emergência (CE):
A contraceção de emergência é um método para prevenir a gravidez, que pode ser utilizado até 120 horas (5 dias) após relações sexuais consideradas desprotegidas, ou seja:
- Quando não foi utilizado qualquer método contracetivo;
- Quando ocorre falha do método utilizado ou uso incorreto do mesmo (ex: o preservativo rompeu, saiu ou ficou retido na vagina, houve falha na toma da pílula, o DIU deslocou-se, houve erro no cálculo do método do calendário...);
- Em situações de violação.
Como atua?
- Bloqueia ou atrasa a ovulação (a saída do óvulo do ovário)
- Impede a fertilização (o encontro do espermatozoide com o óvulo);
- Impede a nidação (implantação do ovo na parede do útero).
Em conclusão
Existem vários testes que a mulher pode fazer, mas apenas um médico ginecologista pode aconselhar na perfeição qual o método mais adequado para cada mulher ou casal em particular.
O casal deve estar sempre consciente dos riscos e efeitos secundários que cada método contracetivo acarreta. Assim, deve consultar sempre o seu médico de família antes de iniciar a utilização de qualquer método contracetivo.
Assim, existem várias questões que devem ser colocadas quando se pretende escolher um método contracetivo:
- É eficaz?
- Está adequado ao meu estilo de vida?
- É reversível?
- É acessível?
- Existem riscos para a saúde?
Ansiosos por conhecer o próximo tema? Continuem atentos ao nosso jornal :)
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